Desde sempre, que nunca fui um rapazito a quem dessem alcunhas. Durante os 12 anos de ensino básico e secundário tive sempre a sorte de só por uma vez ter alguem na turma com o meu nome, o que penso que tenha facilitado a ausência da dita alcunha. Volta e meia lá saia um ou outro diminutivo do género pipinho ou pipo mas que nunca "pegaram".
Quando cheguei à faculdade, por grande coincidência, na minha turma havia mais um Filipe que para além do nome tinha mais uma série de carcterísticas iguais a mim: morava na mesma terra, era do atletismo e era adepto do FCP (hoje, lá se foi a liga dos campeões). Ficou ele com a alcunha, Tripas e eu mais uma vez lá me safei, com um ou outro diminuitivo para um grupo muito reduzido de amigos.
Quando comecei a trabalhar, como é normal nas escolas, os alunos arranjam sempre alcunhas para os professores, mas mais uma vez comigo não pegaram. E assim se passaram alguns anos a percorrer este país à beira-mar plantado ouvindo apenas stor ou professor.
Elvas, Setembro de 2003. Estava eu a dar uma aula de futebol uma turma quando quase no final da mesma houve um aluno que teve de parar e eu para as equipas ficarem equilibradas em termos numéricos entrei. E não é que fiz uns três passes de 20m teleguiados (milagre). Eis que o Fábio exclama: "Ei, parece o Beckham" E durante uns meses fui Beckham. Mais tarde lá acharam que para jogador da bola eu mais parecia o Zidane (isto por causa da minha farta cabeleira). E passei a ser Zidane durante um largo período. Filipão, que para as gerações mais velhas ainda se mantem, surgiu no dia 14 de Fevereiro de 2004. Sim, nesse ano, pelo dia dos namorados, a AE da altura resolveu que se podiam escrever cartas a qualquer pessoa da comunidade escolar. Recebi 5, que foram entregues no final de uma aula. Claro que os alunos dessa turma não descansaram enquanto não lhas mostrei. Como só diziam disparates ainda nos rimos um bocado, mas numa delas tratavam-me por Filipão. E ficou.
Elvas, algures entre final de 2006 e principio de 2007. Estava eu a tentar dar uma aula, mas o Afonso (Fonfas) não parava de me buzinar ao ouvido a pergunta "De onde vem?" Eu já farto de o ouvir e para ver se ele se calava respondi "De Namek" , isto por eu ser fã do Dragon Ball e pensar que o jovem em causa também. Pura ilusão. Eis que ele me responde com outra pergunta "Isso fica na Ucrânia não é?". O Burrinhas (Burrico, como eu lhe chamo), que estava por perto suspirou um "eh ucraniano". E não é que Ucraniano pegou mesmo para a geração mais jovem.
Agora "divido-me", na desportiva, entre Filipão e Ucraniano.
Isto no meu tempo (pareço um velho a falar) não era assim, um prof. dificilmente sabia a alcunha que os alunos lhe atribuiam, e às vezes era com cada uma...